domingo, 16 de março de 2008

Encare de frente o problema

Fome no Sahel, Sebastião Salgado


Quando o fotógrafo Sebastião Salgado publicou o livro "Fome no Sahel", sobre as vítimas da fome no Sahel, como o título já propõe, muitos devem ter se perguntado como ele teve coragem de registrar aquelas imagens. Mas por que cenas que apresentam a degradação humana provocam tanto repúdio?
Há quem acredite que a fotografia sirva para mostrar coisas as belas, estas que, infelizmente pouco condizem com a realidade.

Os fotojornalistas são facilmente taxados de carniceiros e desumanos por fazerem questão de registrar o sofrimento alheio. No entanto, essa situação existe não porque eles sentem prazer ou pensem apenas nos benefícios que conseguirão com o produto obtido, mas porque entendem que as condições adversas existem, fazem parte da sociedade e são dignas de registro.

Brasil, por Boogie

Fotografias de guerra e que mostram a miséria, por exemplo, antes de provocar embrulho no estômago naqueles que as vêem, deveriam ser reconhecidas pelo fato de que se o problema existe deve ser visto, tornar-se de conhecimento público, para assim serem buscadas as soluções.

Alguns profissionais, porém, fotografam sem nenhum envolvimento social, como afirma o fotógrafo Boogie, em entrevista para o site Lost Art. Para Boogie, fotografar nas ruas é seu modo de vida, seu trabalho e seu hobbie, não é movido pelo pensamento de querer mudar o mundo. Se registra o sofrimento das pessoas nas ruas é porque ele existe e é sua missão documentá-lo.

4 comentários:

Alan Botelho disse...

É verdade, Ju, o fotojornalismo ou a foto documental não tem função de beleza poética. É provar fatos preocupantes, que a sociedade em geral prefere ignorar. Beijos!

Neumar Rosário disse...

Ju,

Acho que à parte a discussão sobre a importância de se retratar a realidade, ainda que esta seja cruel ou repulsiva (questão, aliás, muito pertinente.), não se pode esquecer que há uma diferença entre retratar coisas belas e retratar coisas de modo belo.

Creio ser possível perceber, para além do valor documental, a beleza de fotografias jornalísticas, mesmo que o instante ou o fato nelas registrado seja execrável ou desumano.

Embora não seja especificamente sobre fotografia, o livro “História da Feiúra”, de Umberto Eco, discute a representação e o conceito do feio ao longo dos séculos.

Beijo!

Juliana disse...

Bem....comentar depois de Alan e Neumar é muita sacanagem. Nada do que disse pode se aproximar do que eles dizem.

Concordo contigo, a beleza das fotos está na realidade. Dói, sim...dói pq sabemos que existe. Sabemos q há pessoas que vivem em tais condições. Expressá-las através de fotografias é escanarar ao mundo...que a vida não são só formas belas, com lindas cores e paisagens. Mas também a miséria fotografada por essas lentes.

Adorei a sua foto publicada no blog...essa foto é uma das minhas preferidas!

Bjs!

Unknown disse...

Gostei bastante da sinceridade de Sebastião Sampaio. E para vc, para que serve a fotografia? Pense muito, pois isto pode ser título de livro.Beijos!!!