domingo, 8 de junho de 2008

Manipulação no fotojornalismo

A manipulação de imagens é um dos elementos colocados em questão quando se trata da ética no fotojornalismo. Para a maioria dos véiculos de informação é imprescindível que a foto exposta não tenha sofrido qualquer tipo de intervenção.

Como cita Paulo Munhoz no artigo Estágios de desenvolvimento do fotojornalismo na internet "Em 2003 o experiente fotojornalista Brian Walski, fotógrafo do Los Angeles Times, foi sumariamente demitido por manipular uma fotografia da guerra do Iraque. Exemplos como estes têm, além de produzido muita desconfiança do público leitor em relação à autenticidade das fotografias, levado muitos jornais e agências a se cercarem de cuidados que evitem tais manipulações".

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ética no fotojornalismo




"Fotógrafo não faz demagogia. Fotógrafo faz fotografia"
Flávio Damm

Difícil encontrar um fotojornalista que não tenha se deparado com o dilema entre capturar uma imagem chocante ou respeitar a dor dos envolvidos. A escolha da primeira opção envolve a busca pelo prestígio no meio profissional que esse tipo de foto pode trazer, a segunda, ultrapassa o profissionalismo, fazendo com que sejam postas em xeque as amarras morais e emocionais do fotógrafo.

Existem muitos profissionais que defendem a teoria de que não cabe ao fotojornalista envolver-se com o assunto fotografado e que o importante é registrar a imagem, seja ela de festividade, velório ou retrate cenas de extrema violência. Capturar ou não determinada imagem, expor ou não indivíduos que estão passando por uma situação difícil são questões que o repórter precisa lidar diariamente na prática da sua profissão.

Assim como para o jornalista, para o qual a ética é uma questão espinhosa e o conceito precisa estar bem amadurecido na hora de elaboração do texto, para o fotojornalista talvez o tema seja ainda mais complexo, uma vez que este trabalha com a imagem, recurso que chama muito mais atenção e fixa com mais eficiência no leitor.

A ética no fotojornalismo é problematizada no longa "Abaixando a máquina. Ética e dor no fotojornalismo carioca", de Guilherme Planel e Renato de Paula, no qual são apresentadas as principais dificuldades encontradas pelos fotojornalistas dos principais jornais do Rio de Janeiro. "Sem a menor intenção de definir o que é ética, o filme apenas levanta a discussão em torno do assunto e deixa que o espectador tire suas próprias conclusões."


ABAIXANDO A MÁQUINA

terça-feira, 6 de maio de 2008

Maio de 1968




"No mundo inteiro está se discutindo 68, menos pela implicação política e mais pelo impacto cultural na formação de duas gerações. É um momento de comemoração e de memória dos acontecimentos, mas também de discussão da situação atual, visto que muitas questões continuam vivas" - O ano que mudou o mundo

segunda-feira, 5 de maio de 2008

“Ano-constelação” - Maio 68


É o ano mais revolucionário da história da humanidade, porque mexeu com tudo, em todas as partes e em todos os sentidos – político, comportamental, nas utopias e nos anseios de liberdade”. Guido Araújo



“O ano que mudou o mundo”, título do livro de Zuenir Ventura sobre as manifestações ocorridas na França em Maio de 68, e que ganharam dimensões mundiais, não se refere apenas às transformações políticas, econômicas e culturais diretamente ligadas àquele momento. Maio de 68 foi e continua sendo também um período de grandes produções fotográficas.



Empresa de grande prestígio, a Agencia Magnum criada por Robert Capa, Cartier-Bresson, David Seymour, George Rodger e William Vandivert possui um rico portfólio de imagens produzidas em manifestações na França e em várias partes do mundo. No Brasil, o fotógrafo Evandro Teixeira lançou este ano o livro “68 Destinos – Passeata dos 100 mil”, com fotografias feitas na Cinelândia em manifestação contra o regime militar, no Rio de Janeiro.

Maio de 68 foi um período em que a imagem foi um grande suporte para as reivindicações populares. Criações gráficas com dizeres como “poder popular”, “a luta continua”, entre dezenas de outros, ilustraram aquele ano para que as gerações posteriores pudessem tomar conhecimento, não só através da literatura, das grandes transformações que ainda hoje se fazem presente.

Palestra com Eduardo Moody

Para quem deseja aprender um pouco mais sobre fotografia, o Labfoto – Laboratório de Fotografia da Facom promove nesta quinta-feira, dia 08 de maio, o encontro com o fotógrafo Eduardo Moody.

Além de contar um pouco da sua história com a fotografia, Moody apresentará algumas de suas fotos e tirar as dúvidas dos presentes.

Apesar de ser reconhecido pelos seus trabalhos em grandes empresas como Odebrecht, Brasken e Propeg, Moody possui belas fotografias subaquáticas, difíceis de fazer por exigirem equipamento apropriado para usar debaixo da água, além de muita experiência na área.
Confiram a palestra às 11h, na sala 17 da Faculdade de Comunicação!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Fotossensacionalismo

Cézaro de Luca - Folha de São Paulo

"O apelo ao sentimental, a super valorização dos detalhes e a ênfase às expressões humanas, fizeram da imagem uma arma valiosa na conquista dos leitores pela veracidade atribuída ao material fotográfico, garantindo a empresa uma posição de informante, fiel e isenta de fatos."
O trecho extraído do livro "Fotojornalismo: informação, técnica e arte", de Alene Lins e Rosangela Valente, retrata o papel da fotografia nos meios de comunicação que se utilizam da imagem, sobretudo as mídias impressas e digitais. Mais do que ilustrar notícias, o fotógrafo deve buscar a essência da cena e captar os elementos que ele julgar mais importantes na composição da foto.

O que rotineiramente vemos, no entanto, passa longe da busca pela essência. Estampadas nas capas das publicações estão as imagens que mais causam repúdio, se a notícia for sobre assassinato lá estará o corpo ensanguentado. Muitas empresas podem pensar que mostram o que o público quer ver, acreditam satisfazer a vontade dos leitores pelo excepcional. O que temos na verdade é o mínimo trato com a imagem, principalmente com quem dela faz parte.

Cerca de duas semanas atrás saiu no jornal "Tribuna da Bahia" uma matéria sobre o assassinato que ocorreu nas imediações da Igreja do Bonfim, em Salvador. Para ilustrar a notícia de capa, a foto do corpo da vítima ainda no carro, local em que foi executado o crime. Difícil saber nessa situação onde se encontram a responsabilidade com "objeto" fotografado, com o público e com a estética da imagem, esta que é renegada à último plano.
Efe - Folha de São Paulo

Fotografias que provocam a reflexão, mais do que expor a situação de forma quase escatológica, deveria ser uma constante no fotojornalismo. Felizmente existem empresas que sabem aproveitar o potencial de seus profissionais, a exemplo do jornal "Folha de São Paulo" que mantém a tradição de qualidade das suas imagens.

Eis o desafio para os novos profissionais que desejam adentrar nessa área. A fotografia jornalística, assim como o jornalismo em geral, precisa entender qual o seu verdadeiro papel para a sociedade e cuidar para os verdadeiros interesses dos cidadão sejam atendidos.

terça-feira, 8 de abril de 2008

"Feio é belo, belo é feio..."

Fotos: Andrzej Dragan

Quem disse que o feio não pode ser bonito?
Sem tomar partido daqueles desprovidos de beleza, quero chamar a atenção para fotografias, cuja intenção é de justamente chocar pela "feiúra" que apresentam os modelos e objetos fotografados.

Pegando o gancho de Neumar Rosário , que em seu comentário no post "Encare de frente o problema" atentou para o fato de muitas imagens não serem belas no sentido tradicional que conhecemos, mas podem possuir uma beleza plástica pela qualidade que apresentam. O caro colega citou como exemplo o livro, História da Feiúra, do escritor Umberto Eco.
Em seu ensaio, Eco, trata da questão do feio com um sentindo muito mais amplo do que a simples contraposição ao belo. Um conjunto de textos e pinturas de artistas consagrados como Picasso, cujas imagens são caracterizadas pelos traços aparentemente disformes, compõem esta obra que tenta nos mostrar como o bizarro e o grotesto sempre estiveram presentes em nossa cultura.

De volta à fotografia, nos deparamos com Andrzej Dragan, fotógrafo polonês de talento inquestionável e dono de um olhar sensível e apurado. Em suas fotos, Dragan apresenta figuras que em circunstâncias normais causariam repulsa, mas que diante da qualidade técnica e a expressividade que apresentam, não deixam duvidas do quanto são belas.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Photoshop: Propaganda enganosa?




Que o photoshop apareceu para melhorar a qualidade das fotos, disso não se tem a menor dúvida. O problema é quando a manipulação de fotos ultrapassa a barreira da busca pela imagem sem ruídos e sem sujeiras, e as transformam por completo.

Mais do que uma ferramenta para facilitar o trabalho dos fotógrafos, o photoshop se transformou em um criador de mitos. Mulheres e homens aparecem cada vez mais perfeitos nas capas de revistas e em outdoors. Estampam uma beleza invejável, digamos até, impossível de ser alcançada.

O Jornalista Marcelo Idiarte, no Observatório da Imprensa coloca em questão esse assunto e usa como exemplo a Playboy de Juliana Paes. Parece que a atriz e musa da maioria dos brasileiros não gostou de saber que algumas de suas fotos foram a público sem o "tratamento" do photoshop. Revelou-se o segredo que os homens prefeririam não saber, e para delírio das mulheres: A Juliana Paes tem celulite.

Fica o questionamento: Até quando continuaremos nessa busca desesperada pelo rosto e pelo corpo perfeito nas clínicas de cirurgia plástica e academias, se na verdade essa ilusão apenas existe para vender revista?

segunda-feira, 24 de março de 2008

Aos blogueiros de plantão

Steven Klein

Fotógrafo que se preze publica na rede!
Na versão online da FS - Revista da Imagem os fotógrafos blogueiros podem publicar fotos, matérias e mandar sugestões de temas que podem virar notícia.
O Objetivo é que trabalhos importantes de fotógrafos não fiquem escondidos em blogs ou se percam até mesmo sem terem entrado na rede.
Mande suas notícias para o e-mail fotosite@fotosite.com.br
A FS não é pioneira nesta idéia. A revista virtual Ideafixa também compõe suas páginas com publicações de fotógrafos e artistas que enviam seus trabalhos.
O tema deste mês é Desejo.

domingo, 16 de março de 2008

Encare de frente o problema

Fome no Sahel, Sebastião Salgado


Quando o fotógrafo Sebastião Salgado publicou o livro "Fome no Sahel", sobre as vítimas da fome no Sahel, como o título já propõe, muitos devem ter se perguntado como ele teve coragem de registrar aquelas imagens. Mas por que cenas que apresentam a degradação humana provocam tanto repúdio?
Há quem acredite que a fotografia sirva para mostrar coisas as belas, estas que, infelizmente pouco condizem com a realidade.

Os fotojornalistas são facilmente taxados de carniceiros e desumanos por fazerem questão de registrar o sofrimento alheio. No entanto, essa situação existe não porque eles sentem prazer ou pensem apenas nos benefícios que conseguirão com o produto obtido, mas porque entendem que as condições adversas existem, fazem parte da sociedade e são dignas de registro.

Brasil, por Boogie

Fotografias de guerra e que mostram a miséria, por exemplo, antes de provocar embrulho no estômago naqueles que as vêem, deveriam ser reconhecidas pelo fato de que se o problema existe deve ser visto, tornar-se de conhecimento público, para assim serem buscadas as soluções.

Alguns profissionais, porém, fotografam sem nenhum envolvimento social, como afirma o fotógrafo Boogie, em entrevista para o site Lost Art. Para Boogie, fotografar nas ruas é seu modo de vida, seu trabalho e seu hobbie, não é movido pelo pensamento de querer mudar o mundo. Se registra o sofrimento das pessoas nas ruas é porque ele existe e é sua missão documentá-lo.

sábado, 8 de março de 2008

Mulheres no fotojornalismo

"Gandhi" - Margaret Bourke-White

O fotojornalismo que para tantos pode ser considerada como uma atividade típicamente masculina por muitas vezes envolver situações de perigo, não é de hoje, tem se tornado um trabalho tentador também para as mulheres.
Essa profissão tão empolgante não deveria ficar restrita apenas ao universo masculino. O ato de registrar a imagem naquele momento único vai além das amarras do sexo. Para se fazer uma boa foto não basta ter coragem, é preciso antes de tudo, talento, perspicácia e muita paciência. E no quesito paciência as mulheres tiram de letra.

Praça Vermelha, em Moscou - Sisse Brinberg

Por esse e outros motivos, as mulheres têm se embrenhado em número cada vez maior na fotografia jornalística. Prova disso são as 14 fotógrafas que compõem o quadro de profissionais da revista "National Geographic". Mulheres que vão para zonas de guerra registrar situações que fariam tremer de medo e embrulhar o estômago de qualquer homem metido a maçhão.

Apesar de ser o talento independente do sexo, a presença feminina ainda é consideravelmente inferior a masculina nos jornais e revistas. Somente em 1914 foram aceitas mulheres no fotojornalismo, sendo que na maioria das vezes elas são incubidas de cobrir pautas leves, como casamentos, por exemplo. Poucas foram aquelas que tiveram a oportunidade de participar de trabalhos desafiadores e serem reconhecidas por eles. Como exemplos temos as fotógrafas Margaret Bourke-White, Sisse Brinberg, Maria Stenzel, Jodi Cobb, todas da "National Geographic e Margarida Neide, do jornal "A tarde".

Antártica - Maria Stenzel

Ainda hoje existem muitos obstáculos para aquelas que desejam enveredar para a fotografia jornalística - é preciso na maioria da vezes deixar de lado as vaidades femininas para que se possa obter algum respeito no ambiente de trabalho. Mas, acredita-se que o talento e a força de vontade, fatores que realmente importam nessa e em qualquer outra atividade, é que passarão a ser os verdadeiros ditames na escolha do profissional.

Fica a dica!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Quem são os novos fotojornalistas?

Cartier-Bresson e Robert Capa

Basta ter um celular na mão. É o suficiente para que qualquer cidadão comum, mesmo que nunca tenha ouvido sequer falar na palavra fotojornalismo, possa publicar uma imagem em algum jornal. Até os mesmo os de tiragem nacional e reconhecidos pelo profissionalismo. Será que está próximo o fim da carreira de fotojornalista?

A fotografia sempre foi assunto de grande fascínio, tanto vista como arte, quanto como documento. E porque não unir as duas coisas? Decerto, os fotógrafos Robert Capa e Cartier-Bresson souberam aliar com maestria a técnica fotográfica e o imediatismo que garantem o sucesso do fotojornalismo. Com imagens que marcaram o mundo pela força com que chegavam aos olhos de quem as viam, Capa fez estampar nos principais jornais as fotos que fez durante guerras. Estas que primavam pela proximidade em que foram tiradas, perpassando assim uma carga emocional ainda maior as mesmas.

Característica fundamental também em Cartier-Bresson: estar sempre perto do motivo a ser fotografado e escolher aquele momento decisivo. Eternizar com apenas um click um acontecimento que para muitos seria banal e que passaria, sem dúvidas, desapercebido.

Estar próximo do objeto e fotografar naquele exato momento. Se são esses os principais preceitos destes renomados fotojornalistas, por que não dizer que a fotografia jornalística pode ser feita por todos e que já não é mais necessária a presença do profissional dessa área? Por um motivo bem simples. Apesar do imediatismo que as fotos feitas pelo celular de um transeunte que presenciou um acidente, por exemplo, pode oferecer, nada sobrepõe a qualidade técnica adquirida e utilizada pelo fotográfo profissional.

As discussões sobre esse assunto estão longe do fim. Há quem diga que mais importante é a foto tirada naquele instante decisivo, independente da qualidade. Mas, nada como uma fotografia bem enquadrada e dentro de foco. Com a palavra Sebastião Salgado, Cartier Bresson, Robert Capa...